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Ciclo de Cinema no Museu do Oriente

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Inserido nas comemorações do 8º aniversário, o Museu do Oriente organiza um ciclo de cinema japonês com o título de “As Relações Humanas” que conta com a colaboração da Embaixada do Japão e a Japan Foundation. Os filmes estarão em exibição entre os dias 2 a 5 de Maio.
Estes serão os filmes a serem exibidos:

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Segunda | 2 Maio
“THE LETTERS”, de Jiro Shono [2006]
18.30 | Sala Díli

Terça | 3 Maio
“ALL AROUND US”, de Ryosuke Hashiguchi [2008]
18.30 | Sala Díli

Quarta | 4 Maio
“SKETCHES OF KAITAN CITY”, de Kazuyoshi Kumakiri [2010]
18.30 | Sala Díli

Quinta | 5 Maio
“PECOROSS’ MOTHER AND HER DAYS”, de Azuma Morisaki [2013]
18.30 | Sala Díli

Quinta | 5 Maio
“BEING GOOD”, de Mipo O [2015]
21.00 | Auditório

A entrada é gratuita, mas é preciso fazer o levantamento prévio do bilhete no próprio dia e está limitada à capacidade das respectivas salas.

Para mais informações ou conhecerem o resto da programação das comemorações de mais um aniversário do Museu do Oriente podem aceder ao site oficial.


Asano Utsushi-e #56

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Esta semana temos novidades sobre Cutie Honey: Tears e Ie Uru Onna. Relembramos também que, entre outros filmes, foi lançado esta semana Terra Formars de Takashi Miike!

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~ Filmes ~

Trailer de Cutie Honey:

Foi lançado o primeiro trailer de Cutie Honey: Tears. A obra é baseada no manga de Go Nagai e realizada por A.T. No final do Século XXI o mundo é contaminado por um vírus misterioso e um tempo anormal. O Dr. Kisaragi cria então um android chamado Cutie Honey (Mariya Nishiuchi) que possui emoções humanas. As suas habilidades fazem com que decida tentar salvar a Humanidade de uma organização maléfica. O filme estreia no dia 01 de Outubro. Cutie Honey deu no Passado origem ao filme de 2004 (realizada por Hideaki Anno) e à série transmitida na Tv Tokyo em 2007.

~ Séries ~

Keiko Kitagawa em nova série da NTV:

A quatro anos para os Jogos Olímpicos de 2020, o preço das habitações está bastante competitivo. É aqui que conhecemos Machi Sangenya (Keiko Kitagawa), uma agente imobiliária de 30 anos, solteira e bastante atraente. Para conseguir vender casas, Machi resolve os problemas dos seus clientes. Ie Uru Onna, criada por Shizuka Oishi e realizada por Ryuichi Inomata e Noriyoshi Sakuma, será transmitida na NTV em Julho.

~ Lançamentos da Semana ~

  • Chihayafuru Shima no Ku (Norihiro Koizumi)
  • Scanner: Kioku no Kakera wo Yomu Otoko (Shusuke Kaneko)
  • Terra Formars (Takashi Miike)

Haburashi / Onna Tomodachi

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Baseado no livro de Fumie Kondo, intitulado Haburashi, a série segue a vida de uma escritora/argumentista que um dia recebe a visita de uma amiga dos tempos do liceu. Haburashi / Onna Tomodachi, exibida na NHK em Janeiro, possui oito episódios e foi realizada por Yui Miyatake e Toshimitsu Chimura.

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Haburashi / Onna Tomodachi tem vários pontos positivos sendo o principal a boa construção e desenvolvimento das personagens.

Começo por falar em Mizue Furusawa (interpretada por Chizuru Ikewaki), a personagem cujas ações fazem a narrativa avançar. Mizue é uma jovem cujos sonhos se tornaram pesadelos. Procurando fugir a um marido abusivo, Mizue manipula a amiga de liceu, Suzune, de forma a conseguir viver às suas custas. No entanto, o facto de Suzune ter conseguido subir na vida acaba por levar Mizue a tentar arruinar a sua vida, ainda que eu sinta que a vilã acaba por ganhar algum apreço por Suzune, vendo-a como a amiga que realmente é.

No final, compreendemos o quão desequilibrada é esta personagem. Tanto tenta viver às custas de Suzune como tenta procurar emprego. Num dia desespera por não ter uma casa onde possa viver com o filho, noutro tenta sabotar a vida de Suzune, cuja provavelmente lhe daria abrigo por um longo período de tempo.

Curiosamente Mizue lembra-me bastante Pedro de Pedro e o Lobo, a fábula criada por Aesop (620 – 564 AC). Na história, um jovem rapaz engana os pastores da sua aldeia fazendo-os acreditar que um lobo está a atacar o seu rebanho. Ele repete o feito várias vezes. Um dia um lobo ataca realmente o rebanho mas os pastores não acreditam pensando ser apenas mais uma mentira. O final depende da versão que se lê mas ou ele ou as ovelhas acabam mortas no fim. Mizue é Pedro, e no final sofre as consequências das suas mentiras. Volta para o marido e mais uma vez sofre nas suas mãos, acabando por ser presa por tentar matá-lo. No entanto, pode-se dizer que ainda há esperança para ela. Mizue mostra querer mudar, quiçá até abrir uma pastelaria. É-lhe dada uma segunda chance na vida.

Esta personagem possui também uma música tema que a acompanha na maioria das cenas em que está presente. Uma música sinistra e que provoca desconforto, como se algo não estivesse bem, como se algo estivesse prestes a acontecer e Mizue vá abandonar o seu lado ingénuo, mostrando quem realmente é. Tal como a música, também a montagem torna a personagem num ser sinistro. Por exemplo, quando Suzune descobre os comprimidos para dormir, ouvimos o canto alegre e despreocupado de Mizue, como o canto de alguém capaz de manipular tudo e todos sem que ninguém perceba. Noutras ocasiões vemos a câmara oscilar, especialmente quando algo não corre como a personagem deseja, deixando o espectador apreensivo.

Interpretada por Yuki Uchida, Suzune Makabe é uma mulher que apesar de ter conseguido uma vida estável, sente-se de alguma forma vazia especialmente por nunca ter tido filhos, algo com que sonha desde os seus tempos de liceu. Esse lado maternal acaba por levá-la a aceitar Mizue na sua casa, afinal Suzune nunca conseguiria deixar uma criança a viver na rua.

No entanto, aos poucos a sua vida começa a ser destruída. Mizue rouba-lhe a sua cama, a sua roupa, a sua maquilhagem e, a certa altura, até o homem por quem se apaixona. Mas não pára por aqui. Mizue tenta ainda sabotar a sua vida profissional, nomeadamente quando mistura comprimidos para dormir no vinho de Suzune, fazendo-a atrasar-se na entrega de um dos guiões.

Depois de tudo o que Mizue lhe faz, Suzune não consegue contudo abandonar a amiga e no fim corre ao seu encontro para a ajudar.

Mamoru Yanai (Toshinori Omi) é nos apresentado inicialmente como amante de Suzune, levando-me a pensar até que este personagem seria o habitual produtor que dorme com a sua melhor escritora de forma a manipulá-la. Porém depressa percebi que não era o caso. Ainda que o seu amor seja questionável, Yanai gosta de Suzune e respeita-a quer como profissional, quer como mulher, ficando inclusivamente abalado quando Suzune o deixa para se juntar a Nada.

Takashi Nada (Nobuaki Kaneko) é um livreiro que herdou uma pequena loja do seu pai. Contudo a sua função é questionável e parece que o personagem existe apenas para dar um pouco mais de dramatismo à narrativa e para no final ficar ao lado de Suzune, indicando que esta terá finalmente a vida que sempre quis.

Em vez dele, prefiro falar um pouco de outros dois personagens que são curiosos e apesar de não terem um papel destacado, são bastante interessantes: Mihoko Yonezawa e Tadashi Umemori.

Enquanto a história principal nos vai sendo mais ou menos indiretamente mostrada, a história de Mihoko Yonezawa (Miwako Ichikawa) pode passar ao lado a alguns espectadores ainda que sejam oferecidas algumas pistas. Suzune está tão mergulhada nos seus problemas que nem vê o sofrimento da amiga.

Quanto a Tadashi Umemori (Yoshinori Okada) é interessante terem-no criado como o vizinho simpático que toda a aldeia adora. Tão amável que ninguém acredita que ele possa ser capaz de abusar da mulher e do filho, o que frequentemente acontece na vida real. Tadashi é também o homem que espanca a mulher, prometendo-lhe em seguida que nunca mais o fará porque a ama.

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Contudo apesar de ser na sua grande maioria um drama, Haburashi / Onna Tomodachi possui elementos da Comédia Romântica especialmente entre Suzune e Nada. O primeiro encontro dos dois acontece numa loja de bebé. Suzune tenta tirar o papel do sapato e acaba por deitar várias coisas ao chão criando um clima “cómico” entre eles e indicando que veremos Nada novamente bastante em breve. Toda a cena sucede com uma música de fundo romântica e claro, não podemos esquecer que Suzune referira antes que gostaria de ser mãe, e toda a cena entre ela e Nada decorre numa loja de produtos e roupa para bebé.

Passando agora a outro ponto, a Montagem, esta é em geral bastante comum. Porém, Haburashi / Onna Tomodachi tem alguns momentos que se diferenciam do restante, nomeadamente as cenas em que Mizue está prestes a mostrar o eu verdadeiro “eu”, e toda a sequência final entre Mizue e Suzune na escola que frequentaram.

Enquanto a maioria da série é filmada com uma câmara fixa, a sequência em que as duas amigas se encontram no liceu, agora abandonado, é filmada usando câmara à mão, deixando a imagem tremida. Isto cria um ambiente diferente do normal, mais intimo, mais sério. Em termos de imagem, é também nesta cena que vemos uma grande mudança, onde são escolhidos tons escuros em detrimento dos tons claros a que a série nos habitua.

Todavia a série possui igualmente alguns pontos negativos, sendo o principal a repetitividade do discurso por parte da Mizue de que Suzune tem a vida perfeita. Esta afirmação está presente em todos os episódios, tornando-se excessivo e acabando por transformar Mizue numa personagem por vezes demasiado irritante, sem que isto seja realmente necessário. O triângulo amoroso, ou quadrado amoroso, entre Mizue, Yanai, Suzune e Nada parece-me também desnecessário ainda que tenha sido resolvido relativamente depressa e sem demasiado dramatismo.

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Parecendo apenas mais uma série romântico-dramática, Haburashi / Onna Tomodachi possui uma história deveras interessante e mais complexa do que aparenta ser, razão pela lhe dou um 7 em 10.

Escrito por: Ângela Costa

Ciclo de cinema japonês em Coimbra

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Nos dias 18 e 25 de Maio, as Sessões do Carvão organizadas pelo Núcleo de Alunos de Estudos Artísticos da Universidade de Coimbra dedicam mais um evento dedicado ao cinema japonês. Intitulado “Kaiju: Cinema, Guerras e o Imaginário Japonês”., este ciclo terá no seu programa os seguintes filmes:

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18 MAIO
18:30 Nobi (Fogo na Planície, 1959), real. Kon Ichikawa
21:30 Hiroshima mon amour (Hiroshima, Meu Amor, 1959), real. Alain Resnais

25 MAIO
18:30 Tora! Tora! Tora! (1970), real. Richard Fleischer, Toshio Masuda, Kinji Fukasaku
21:30 Evangerion shin gekijôban: Jo (Evangelion 1.11: Você (Não) Está Só, 2007), real. Hideaki Anno

Todas as sessões terão entrada Livre, por esse motivo quem gosta de bom cinema do país do Sol Nascente apareça nem que seja para depois conversarmos um bocadinho ^_^

Programação Cinemateca (Junho)

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Este mês na Cinemateca de Lisboa teremos a exibição de Kikujiro (1999) e Ghost in the Shell 2: Innocence (2004)!

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Exibido o ano passado, Kikujiro (Kikujiro no Natsu) regressa à Cinemateca no dia 11 de Junho (Sábado). Incluído no Ciclo Cinemateca Júnior, a sessão irá realizar-se às 15h00 no Salão Foz. Realizador por Takeshi Kitano o filme segue Masao, um rapaz que durante as suas férias em Tokyo com a avó decide ir à procura da sua mãe que apenas conhece por fotografias. No início da sua viagem o jovem encontra um casal e a esposa pede ao marido, Kikujiro (Takeshi Kitano), que acompanhe a criança. No entanto Kikujiro não tem paciência para crianças. Podem ver a nossa review do filme aqui.

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Ghost in the Shell: Innocence (Kokaku Kidotai Inosensu) será exibido no dia 20 de Junho às 18h30 na Sala Luís de Pina. Realizado por Mamoru Oshii, o filme é uma sequela de Ghost in the Shell (1995) e segue Batou um polícia que terá de investigar uma série de assassinatos cometidos por protótipos de “sexaroids”, androids femeninas criadas para fins sexuais.

Novidades Netflix [Maio e Junho]

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Entre Abril, Maio e Junho a Netflix Portugal trouxe novos lançamentos que incluem os animes Pokémon The Movie XY: Ringu no chomajin Fupa (Hoopa and the Clash of Ages) e Ajin, duas novas séries live-action (Hibana: Spark e Terrace House), e um novo documentário intitulado The Birth of Sake.

hoopa

Pokémon The Movie XY: Ringu no chomajin Fupa (Hoopa and the Clash of Ages), realizado por Kunihiko Yuyama, foi lançado o ano passado e é o 18º filme baseado no jogo de  Satoshi Tajiri, o segundo dentro da série XY. A história explora Hoopa, um Pokémon lendário que há cem anos atrás batalhou contra outros Pokémon para provar ser o mais forte. Desde então Hoopa tem estado preso, no entanto, a criatura consegue escapar e começa a atormentar a Cidade de Désser. Agora é a vez de Ash e os seus amigos o derrotarem.

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Ajin, baseado no manga de Gamon Sakurai, segue Kei Nagai, um jovem que descobre ser um Ajin, uma criatura imortal. A partir deste momento Kei começa a ser perseguido, uma vez que, os Ajin são considerados criminosos, de forma a poderem ser apanhados e estudados com o intuito de capturar o seu poder.

 

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No dia 02 deste mês estreou na Netflix Hibana: Spark, a série baseada no livro de Naoki Matayoshi.  Com 10 episódios, a série segue dois comediantes que procuram o sentido da vida. O cast conta com Kento Hayashi e Kazuki Namioka, entre muitos outros.

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Igualmente uma estreia é a série Terrace House com You, Reina Triendl e Ryota Yamasato, entre outros. A história segue um grupo de homens e mulheres que têm de viver na mesma casa.

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Realizado por Erik Shirai, The Birth of Sake é um documentário sobre a tradicional Fábrica de Sake Yoshida que existe há 144 anos em Ishikawa. O filme venceu o prémio de Melhor Documentário no Bend Film Festival, no Palm Springs International Film Festival e no Ashland Film Festival.

Fullmetal Alchemist live-action em 2017

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A notícia veio a público quando o jornal italiano La Nazione colocou umas fotografias da rodagem do filme de imagem real que adaptará o conhecido manga Fullmetal Alchemist de Hiromu Arakawa. Nas fotografias podemos ver a equipa a filmar na povoação italiana de Volterra e o actor Ryosuke Yamada que terá o papel principal interpretando Edward Elric.

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A rodagem começou no ínicio deste mês de Junho em Itália e regressa ao Japão na segunda metade de Agosto. Consta que o filme terá data de estreia nas salas japonesas no inverno de 2017.

Fumihiko Sori (Ping Pong) será o realizador e da lista de actores para este live-action fazem parte Ryosuke Yamada (Nagisa em Assassination Classroom) como Edward Elric, Tsubasa Honda (Futaba em Ao Haru Ride) como Winry Rockbell e Dean Fujioka como Roy Mustang.

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A lista completa-se com os seguintes actores:

– Fumiyo Kohinata como General Hakuro
– Ryuta Sato como Maes Hughes
– Misako Renbutsu como Riza Hawkeye
– Natsuna como Maria Ross
– Natsuki Harada como Gracia Hughes
– Yo Oizumi como Shou Tucker
– Jun Kunimura como Doctor Marco
– Yasuko Matsuyuki como Lust
– Kanata Hongou como Envy
– Shinji Uchiyama como Gluttony
– Kenjiro Ishimaru como Padre Cornello

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A série Fullmetal Alchemist foi transmitida pela primeira vez na televisão japonesa em 2003 e teve uma sequela em 2005 com o filme Fullmetal Alchemist: The Movie – Conqueror of Shamballa. Fullmetal Alchemist: Brotherhood, foi a segunda série que esteve bem mais próximo da história original do manga. Em 2011, a série teve mais um filme intitulado Fullmetal Alchemist: The Sacred Star of Milos.

Traces of a Diary

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Traces of a Diary (2010) é um filme de Marco Martins e André Príncipe que leva o espectador numa viagem pelo processo e carreira de grandes fotógrafos japoneses, nomeadamente Daido Moriyama, Nobuyoshi Araki, Takuma Nakahira, Hiromix, Kajii Syoin e Kohei Yoshiyuki.

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Os primeiros minutos de Traces of a Diary funcionam como uma espécie de introdução à obra. O fotógrafo Gerry Badger fala-nos um pouco da história da fotografia do pós-guerra japonês onde, até 1959, não era permitida a publicação em massa de fotografias tiradas sobre os bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, numa tentativa de apagar o Passado. Isto leva fotógrafos a usarem uma arte mais metafórica com elementos como a água, o fogo, as explosões, as luzes, entre outros. Verdadeiras imagens de um “apocalipse” que juntas criam, nas palavras de Badger: “livros maravilhosamente esquizofrénicos”.

No final da década de 1960 e inícios da década de 1970, os fotógrafos japoneses começam a interessar-se pelo diarístico, uma fotografia mais documental que procura registar o mundo e as experiências de quem está por detrás da câmara. À semelhança do que acontece no Cinema (e neste filme em particular) a ideologia de que a câmara consegue ser objetiva ou imparcial começa a cair por terra, e florescem várias obras que abraçam o subjetivo, a capacidade de registo do mundo pelos olhos de outro, não numa tentativa de mostrar o mundo como ele é mas partilhando experiências únicas e muito pessoais.

Os fotógrafos japoneses mergulham no expressionismo e na capacidade de fazer uma fotografia rápida e espontânea (conhecida como snapshot, algo possível graças às novas câmaras, mais compactas, baratas e fáceis de mover e usar), e com esta nova forma de criar contam histórias sobre o seu mundo, a sua cultura mas também sobre eles próprios (os seus gostos, as suas experiências, as suas ideologias).

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Somos apresentados primeiro a Daido Moriyama, fotografo nascido em 1938 que olha a Fotografia como uma cópia da realidade, um registo que não deixa espaço para a criação de uma história fictícia sobre os objetos fotografados, levando-o consequentemente a ver os seus livros como um diário, uma memória das suas experiências.

Moriyama, galardoado com um Infinity Award pelo International Center of Photography de Nova Iorque em 2012, cria caminhando pelas ruas de Shinjuku, local predileto que escolhe para os seus “Street Snaps”, método onde o artista fotografa espontaneamente o que vai encontrando pelas ruas. No final deste processo nascem livros que não possuem um tema determinado, repletos de imagens “aleatórias” sejam elas de pessoas, cartazes, animais, ou qualquer outro objeto. Como Moriyama afirma no documentário: “Quando fotografo no meu dia-a-dia, alguma coisa vai atrair a minha atenção. E então aproximo-me. Procuro o significado enquanto crio, e ele aparece. E quando o resultado é algo caótico fico satisfeito. Não gosto dele demasiado organizado”.

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Kohei Yoshiyuki (1946) é o segundo fotógrafo que encontramos no documentário. Levado pelo desejo de fotografar algo que ninguém conhecesse, Yoshiyuki escolhe como objeto do seu trabalho os parques de Shinjuku e Yoyogi, parques bastante polémicos onde à noite se podem encontrar inúmeros amantes.

Durante dois anos deslocava-se até este parque quase diariamente, levando consigo uma pequena e discreta câmara com infravermelhos. Este hábito culminou em rumores de que o artista seria apenas mais um “voyeur”, homens que se deslocavam até ao parque para espiar os casais, chegando mesmo a aproximar-se sem que eles dessem por isso. Curiosamente em resposta, Yoshiyuki comenta: “Fotografar é isso, na sua essência, não é? Fotografar é um acto de espiar”.

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Passando de um desejo de fotografar o outro chegamos a Hiromix, nome artístico de Hiromi Toshikawa. Nascida em 1976 a fotógrafa dedica o seu trabalho a auto-retratos que servem como um diário de pensamentos e sentimentos ligados a determinada época.
Quando começou, por volta dos 18 anos, a artista usou a sua arte para registar uma altura de transformação que poderia rever mais tarde. As suas obras permitem-lhe ainda aceder ao seu interior, ajudando-a a refletir sobre quem realmente é. Nas palavras de Hiromix: “Fotografar o meu rosto não é só mostrar a minha aparência, mas o meu interior também”. Apesar disto, depressa o seu trabalho foi alvo de várias críticas que descreviam a sua arte como narcisista.

Hiromix possui ainda fotografias de outras pessoas na sua maioria em momentos felizes, transmitindo ao observador a alegria de quem fora fotografado. Ao perceber a sua beleza, a fotógrafa consegue mostrar aos outros a sua própria beleza.

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Fugindo da confusão das cidades viajamos até à Ilha de Sato onde conhecemos Syion Kajii, um monge budista que fotografa o mar, cuja violência lhe transmite energia. O seu avô era o responsável pelo templo e desde criança que tem uma grande ligação não apenas com o templo mas com a ilha em si.

Apesar da religião Kajii tenta abstrair-se dela ainda que, claro, não se desligue totalmente. Nas palavras do fotógrafo: “No sutra, o som funde-se com as palavras e tornam-se um só. Então começo a concentrar-me. No caso das ondas, observo-as intensamente e ligo-as às imagens, e essa sensação fugaz das ondas assemelha-se aos sutras”.

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Traces of a Diary termina com um dois dos grandes mestres, Takuma Nakahira e Nobuyoshi Araki, mencionado no início do filme por Gerry Badger.

Permanecemos alguns momentos com Takuma Nakahira (1938 – 2015)  enquanto este passeia por Shinjuku e ficamos a saber que gosta especialmente de fotografar paisagens. Nakahira era, para além de fotógrafo, um crítico de Fotografia.

Quanto a Nobuyoshi Araki (1940) , encontramos este outro mestre num bar de karaoke onde a conversa é bastante casual. À semelhança de Daido Moriyama, Araki vê a fotografia como uma forma de viver, uma forma de registar a sua vida. O artista continua ainda dizendo que quando está de mau humor, as fotografias acabam por refletir esse estado. Para Araki: “É foto-realismo. É a realidade da fotografia”. Os seus álbuns são constituídos, devido a isto, não apenas pelos momentos felizes ou mais íntimos, mas também por momentos mais infelizes, como um gato morto na rua.

Depressa percebemos também que Araki se foca bastante no nu feminino através das fotografias na sala de karaoke e pela t-shirt que utiliza. Em tom de brincadeira, ou não, revela ainda que fotografa a mulher e coloca a sua imagem na t-shirt para que esta não fuja.

“Quer seja um Passado ou um Presente que nos incomoda, ou um Futuro que idealizamos, dar-lhe forma num pedaço de papel é a nossa função”. É com esta frase que nos despedimos de Araki e chegamos ao fim desta obra.

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Este é de facto um documentário imperdível para os amantes do Cinema e da Fotografia. A obra é um verdadeiro ensaio fotográfico em si sendo uma mistura das imagens capturadas com duas Krasnogork-3 (16mm) e uma edição/montagem bastante interessante. Há semelhança do que acontece com os fotógrafos, Traces of a Diary acaba por ser isso mesmo, um diário da ida da equipa ao Japão, dos seus encontros e experiências.

O documentário é ainda bastante influenciado pelo objeto que filma: segue Daido Moriyama, foca-se nas fotos polémicas de Kohei Yoshiyuki, anda em volta do rosto de Hiromix, e funde-se com o som do mar enquanto observamos Kajii Syoin.

Curiosamente, a forma como algumas sequências estão filmadas (em especial quando seguimos os fotógrafos) juntamente com o som da câmara de filmar, dá a sensação de que estamos realmente a seguir os artistas. Mergulhamos no ponto de vista da câmara como se nos fundíssemos com ela.

Escrito por: Ângela Costa (@angelaookami)


Naomi Fujiyama vence em Shangai

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A actriz japonesa Naomi Fujiyama (藤山直美) cujo o nome verdadeiro é Inagaki Naoko (稲垣直子) ganhou o prêmio de melhor atriz no 19º Shanghai International Film Festival que terminou no passado domingo.

Fujiyama, 57 anos, que participou no filme “The Projects”, realizado por Junji Sakamoto, é a primeira atriz japonesa a ganhar o prémio, o distribuidor Kino Films.

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Em declarações à imprensa, Fujiyama disse: “Tinha esperanças de vencer este prémio por causa do grande trabalho que o Junji Sakamoto teve. Estou muito feliz porque o Sr. Sakamoto está feliz.” e “Também gostaria de estender meus sinceros agradecimentos aos meus colegas de elenco”.

Em 16 anos de carreira este foi o seu primeiro desempenho como actriz principal. Fujiyama interpreta o papel de uma mulher que se muda com o marido para um complexo de habitação pública situado na parte ocidental da cidade de Osaka. Esta comunidade de casas tem o nome de “Danchi” ( http://www.danchi-movie.com ) que é o nome do título original do filme.

O Shanghai International Film Festival foi fundado em em 1993 e é o único festival de cinema competitivo na China aprovado pela Federação Internacional de Associações de Produtores de Filmes. A edição deste ano teve lugar entre os dias 11 e 19 de Junho.

Deixamos aqui o trailer para quem quiser ver.

Programação Cinemateca [Julho]

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Este mês a Cinemateca conta apenas com um filme japonês mas em contrapartida trata-se de um dos grandes filmes japoneses, essenciais a qualquer amante do cinema japonês! O filme é Senjō no Merī Kurisumasu (também conhecido como Merry Christmas, Mr. Lawrence ou Feliz Natal, Sr. Lawrence) e será exibido no dia 08 de Julho (sexta-feira), às 15h30 na Sala M. Félix Ribeiro.

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Realizado por Nagisa Oshima e produzido por Jeremy Thomas, o filme conta com a participação de grandes actores como Ryuichi Sakamoto, Takeshi Kitano, David Bowie, Tom Conti, e Jack Thompson.  A obra é baseada nos livros The Seed and the Sower (1963) e The Night of the New Moon (1970), de Sir Laurens van der Post, um soldado mantido como prisioneiro pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial.

Keiji Ballerino

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Keiji Ballerino é o episódio piloto de uma mini-série criada pela NTV que conta com o argumento de Shigeki Kaneko e com a realização de Yukihiko Tsutsumi, cineasta que devem conhecer de filmes como 2LDK (2003), Siren (2006), e Beck (2010). Apesar de ainda não haver data para futuros episódios, este filme para televisão rapidamente conquistou vários fãs.

A obra segue Kurumi Usushima (Yuto Nakajima), um bailarino de ballet que após ver um polícia salvar heroicamente uma jovem de um incêndio, decide tornar-se detetive. Este polícia é Takao Washio (Masahiro Takashima) que agora executa o cargo de detetive chefe, tornando-se o responsável pelo novato Kurumi.

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Os dois terão de resolver um caso que envolve a morte misteriosa de dois dos três médicos vencedores do prémio para Melhor Tecnologia Médica 2015, galardoado pela criação de um coração artificial que poderá ser usado tanto por adultos como por crianças. Se gostam do tema de regressão ou vidas passadas então Keiji Ballerino será uma agradável surpresa pelo que descobrimos no final que no passado, os três médicos raptaram e assassinaram três crianças como forma de experimentar nelas. Quarenta anos depois as reencarnações destas crianças são levadas instintivamente a assassinar os três médicos: Daijiro Katagiri (Shinichiro Uchida), Fumihiko Kinjo (Toshiki Ayata), e Mamoru Osaki (Shinya Owada).

A obra possui assim várias temáticas sendo a principal “reencarnação”. Keiji Ballerino começa com uma sequência em que Kurumi observa um cisne e sente que devido à sua graciosidade e vontade de voar livremente, terá certamente sido um cisne numa outra vida. Mais tarde, o protagonista participa numa sessão de regressão com a Drª Azusa Shimpei (Hiromi Nagasaku) e vê-se como um touro em Espanha, relembrando-o de alguns aspetos da sua personalidade que de facto sempre achou estranho, por exemplo, não gostar de carne de vaca, chorar sempre que bebe leite, e dormir muitas vezes fazendo um “anel” com os dedos que coloca no nariz. Este último elemento faz com que o personagem, no final do filme, reaja negativamente ao vermelho.

Temos também os casos de Ozawa Atsushi, Makarowa, e Kyoko Komori (Rena Matsui), as reencarnações de Midori Okina, Katsuo Okina, e Norika Tonami. As três crianças morreram durante uma das experiências dos médicos e acabaram por reencarnar alguns anos depois. É com estes personagens que temos também de certa forma introduzido o tema dos “espíritos vingativos”, uma vez que, é o espírito deles que reconhece os assassinos levando os três jovens a entrar numa espécie de transe, como se os espíritos emergissem para controlar os seus corpos com o intuito de vingar a sua morte.

Outra das grandes temáticas é o ballet, particularmente marcante para a personagem de Kurumi. Durante a segunda sequência do filme vemos as capacidades do bailarino (não apenas da personagem mas também do ator que o interpreta, neste aspeto Yuto Nakajima está de parabéns), conforme dança ao som de uma música ao piano enquanto se prepara para ir trabalhar. É neste contexto que vemos os seus certificados/prémios e uma fotografia do homem que mais o inspira: o famoso Mikhail “Misha” Baryshnikov, bailarino russo conhecido como um dos melhores do mundo, e que alguns de vocês poderão conhecer da televisão (na última temporada de Sex and the City), ou do Cinema, especialmente dos filmes White Nights (1985) ou Jack Ryan: Shadow Recruit (2014).

A paixão por Baryshnikov e pelo ballet leva Kurumi a viver numa constante “persona” de bailarino, fenómeno que pode ser visto quando anda (um andar gracioso em passos de ballet), quando aponta para alguma coisa, e até mesmo enquanto tenta parar crimes, altura em que usa o “seu” Salto Baryshnicov (golpe que salva a vida a Mamoru Osaki). A formalidade, “limpeza”, e rigidez do ballet é também visível na forma como Kurumi decora a sua cara, como se veste, e como se comporta.

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Quanto aos personagens temos dois “protagonistas” nomeadamente Kurumi e o detetive Washio. Kurumi é, como já referido, bastante único. Os dois possuem a capacidade de nos fazer entrar num estado mais sério mas também de nos fazer rir com as suas peripécias. Uma das minhas cenas favoritas entre os dois acontece no final, numa cena típica de “dorama” onde os dois correm até onde se encontra o único médico vivo. Durante a corrida o detetive acaba por ultrapassar Kurumi apesar da sua idade mais avançada, deixando o protagonista baralhado.

Contudo, a comédia é usada um pouco em excesso e acaba por estragar alguns bons momentos dramáticos, por exemplo, no final quando os dois detetives impedem Kyoko Komori de assassinar Mamoru Osaki. A jovem acorda do seu transe e apercebe-se do que acontecera. Para além disso, Kyoko terá de viver com a realidade de que quase matou uma pessoa e de que terá de pagar legalmente por isso. Aliás, o facto de três “inocentes” terem de passar pelo menos alguns anos na prisão por homicídio/tentativa de homicídio quase nem é referido apesar de ser algo bastante importante.

Outro ponto que me chamou a atenção pela negativa é a horrível fotografia de exterior onde a imagem aparece demasiado sobre-exposta, culminando com um fundo completamente branco e algumas personagens meias “apagadas” da imagem. Este é um elemento que me fez sair completamente do espírito do filme e um fenómeno que não consigo justificar.

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Em suma, Keiji Ballerino é sem dúvida um filme divertido que vale a pena ver. É uma obra capaz de nos fazer rir mas também, especialmente para quem gosta da temática, nos fazer questionar sobre as consequências que os nossos atos poderão ter no futuro. O trabalho dos atores Yuto Nakajima e Masahiro Takashima é sem dúvida excepcional e foi um dos elementos que mais me chamou a atenção durante o filme. No entanto, o humor em excesso e a fraca qualidade da fotografia de exterior leva-me a avaliar a obra com um 5 em 10.

Escrito por: Ângela Costa (@angelaookami)

10 filmes cyberpunk japoneses para ver antes de morrer

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O movimento cyberpunk japonês foi assumido nos idos anos 80. As semelhanças com o que se fazia no ocidente eram apenas relativas à tecnologia, de resto toda a imagética do estilo cyberpunk japonês baseava-se numa componente de representação industrial repleta de imagens metálicas e com uma narrativa quase incompreensível.

É comum o cyberpunk japonês envolver personagens transformarem-se em monstros num ambiente industrial como é o caso de Tetsuo de Shin’ya Tsukamoto, um filme que cimentou e definiu assumidamente esta estética cinematográfica.

Deixamos uma lista de 10 filmes japoneses (sem qualquer ordem de preferência) desta corrente artística que devem ver obrigatoriamente ^_^

01. Burst City (爆裂都市 / Bakuretsu Toshi)

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Realizado por Sogo Ishii, Burst City (1982) foi um dos percursores do cinema underground japonês e por consequência um dos primeiros filmes a abordar esta estética cyberpunk. O filme é uma espécie de videoclip de música punk gigante que tem a sua acção num Japão pós-apocalíptico onde toda a gente é punk, freak ou polícias brutais.

02. Tetsuo (鉄男 / Tetsuo)

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Se há filme que tem toda a essência do movimento cyberpunk japonês é este Tetsuo (1989) de Shin’ya Tsukamoto. O filme narra a vida de um homem que tem uma compulsão insana de atrair metal para o seu corpo. Uma viagem completamente alucinante quer estética quer narrativa. Para saber mais sobre este filme podem ler artigo aqui.

03. Akira (アキラ / Akira)

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Numa Tóquio distópica, um grupo de motards delinquentes tentam impedir o jovem tetsu de destruir a capital japonesa. Akira (1988) é um filme de animação de Otomo Katsuhiro que bebe algumas das bases do cyberpunk japonês e que foi sem qualquer dúvida o anime que fez explodir este tipo de animação no mundo ocidental.

04. 964 Pinocchio

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Um escravo sexual cyborg lobotomizado é expulso de casa por não conseguir manter uma erecção. Shozin Fukui realiza este 964 Pinocchio (1991) que também é considerado um dos expoentes máximos do movimento cyberpunk japonês.

05. The Machine Girl (片腕マシンガール / Kataude Mashin Gāru)

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É um dos filmes da nova vaga do movimento cyberpunk. Uma jovem colegial jura vingança depois de ter visto a sua família ser brutalmente assassinada por uma famíla yakuza. Realizado em 2008 por Noburo Iguchi, The Machine Girl adiciona também a componente “gore” à estética cyberpunk.

06. Adventures of Electric Rod boy (電柱小僧の冒険 / Denchû kozô no bôken)

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Para muitos foi uma experiência para o filme maior, Tetsuo. Realiazado por Shin’ya Tsukamoto Adventures of Electric Rod boy (1987) narra a história de Hikari, um jovem que viaja numa máquina do tempo onde encontra um grupo de vampiros punk.

07. Electric Dragon 80.000 V

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É outro dos filmes incontornáveis do movimento cyberpunk. Sogo Ishii realiza este Electric Dragon 80.000 V (2001), um bizarra história de um jovem de Tóquio traumatizado pelo seu passado que o conduz a um penoso e peturbado presente. Podem saber mais sobre o filme lendo o artigo aqui.

08. Rubber’s Lover

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Muitas vezes é considerado como sendo uma semi-prequela de 964 Pinóquio. Rubber’s Lover (1996) é da autoria de Shozin Fukui e relata a história de um grupo clandestino de cientistas que realizam experiências psíquicas sobre cobaias humanas.

09. Crazy Thunder Road (狂い咲きサンダーロード / Kuruizaki Sandā Rōdo)

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Se há um nome que represente o movimento cyberpunk é o de Sogo Ishii. Crazy Thunder Road (1980) é a visão negra do Japão suburbano cheio de motoqueiros alucinados e sedentos de guerras sangrentas.

10. Death Powder (デスパウダ/ Desu Paudā)

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Realizado em 1986 pelo poeta e cantor folk Shigeru Izumiya. É também creditado pelos crítico como sendo um dos primeiros filmes subgênero cyberpunk japonês. O próprio Izumiya também participa no filme onde um grupo de cientistas rouba um android.

Existem outros títulos que poderiam figurar nesta lista de 10, mas estes foram o que achamos mais improtantes quer ao nível histórico da filmografia cyberpunk japonesa e também a escolha caiu em filmes que vimos.
Como nota final, avisamos que alguns destes filmes são bastante violentos visualmente, por isso se forem pessoas susceptíveis tenham cuidado a ver estes filmes.

Escrito por: Fernando Ferreira

Koruto wa Ore no Pasupōto

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O Nippon Katsudō Shashin, também conhecido como Nikkatsu, é o estúdio cinematográfico mais antigo do Japão, tendo aberto portas no ano de 1912. Obrigado a adaptar as suas produções conforme as exigências de cada década, produziu entre os anos cinquenta e sessenta vários filmes Noir por influência do mercado francês e americano, surgindo neste Koruto wa Ore no Pasupōto (A Colt is My Passport) uma das melhores obras que foram lançadas nesta época dourada do estúdio Nikkatsu.

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O filme foca-se na história de Shuji Kamikura (Jô Shishido), um assassino profissional contratado por uma fação Yakuza para assassinar um membro de um gangue rival devido à recente ganância demonstrada por este. Frio e calculista, Kamikura executa o trabalho na perfeição, não conseguindo no entanto executar a sua fuga com sucesso, acabando perseguido por membros do gangue do seu alvo, que o levam a ele e ao seu parceiro Shun a refugiarem-se numa estalagem enquanto esperam novas indicações por parte do chefe Yakuza que os contratou. Para piorar a situação de Kamikura e do seu parceiro, estes acabam traídos pela pessoa que os contratou, que a troco uma de uma soma considerável de dinheiro estabelece uma aliança com o líder da fação rival cujo membro mandou assassinar (sem que este tenha conhecimento de tal coisa), tornando-se a “cabeça” de Kamikura o principal objetivo desta união criminosa.

Sombrio e melancólico, Jô Shishido representa um papel de um assassino frio e meticuloso que não deixa nada ao acaso quando executa um trabalho, sendo um homem com um passado misterioso cujas origens são apenas ligeiramente abordadas durante o filme. Não se alongando em grandes diálogos durante o filme, a sua presença é intensa e intimidante, tendo um código moral e sentido de justiça que o destaca dos restantes personagens do filme, levando o espetador a torcer por este anti-herói solitário, um ronin de fato e gravato e Colt na mão. Em termos de outros personagens, destaque para o papel de Jerry Fugio como Shun, o aprendiz de Kamikura e parceiro leal do mesmo quando este necessita de executar um serviço.

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No entanto, o maior destaque em termos de papéis secundários vai para Chitose Kobayashi como Mina, que representa o papel de empregada da estalagem onde Kamikura e Shun se refugiam, acabando por os proteger e ajudar Kamikura e o seu parceiro no plano de fuga destes. Tal como Kamikura, Mina partilha também de um carácter sombrio e melancólico devido a acontecimentos passados, estabelecendo uma relação emocional com o personagem principal devido às semelhanças pessoais que partilham.

Koruto wa Ore no Pasupōto tem uma fotografia excelente, o realizador demonstra-se meticuloso em cada cena, utilizando um variado número de planos em muitas das cenas do filme com o objetivo de criar uma ligação mais íntima com os personagens e dar-nos uma maior sensação de proximidade para com a ação que está a ser efetuada naquele momento. Isto fica bem evidente na cena do assassinato inicial, onde todos os pormenores são capturados pelo realizador, analisando de forma meticulosa o ritual de preparação deste trabalho por parte de Kamikura.

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Há uma influência óbvia do estilo de filmes western spaghetti nesta obra. Começando na figura do “pistoleiro solitário” na figura do nosso anti-herói, estas influências também se fazem sentir na fotografia do mesmo (com planos que fazem lembrar alguns dos filmes de Sergio Leone e Sergio Corbucci) e especialmente na banda sonora, que apresenta uma inspiração óbvia na obra de Ennio Morricone.

Realizado no ano de 1967 por Takashi Nomura, Koruto wa Ore no Pasupōto (拳銃は俺のパスポー) é um filme que através da sua fotografia e uma excelente interpretação por parte de Jô Shishido enriquece ao máximo o enredo simples do mesmo. Sendo relativamente curto (conta apenas com 84 minutos), o filme não dá voltas desnecessárias e vai direto ao assunto, tornando-o assim mais empolgante. Dono de uma cena final épica, que só por ela já vale a pena a visualização do filme, Koruto wa Ore no Pasupōto é um filme excelente para os adeptos de filme noir e western spaghetti, considerado pelo próprio Jô Shishido como o filme favorito em que o mesmo participou.

Escrito por: Nuno Rocha

One Piece Film Gold vai estrear em Portugal

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O site de notícias ANIME NOW! acabou de listar os 33 países que vão poder ver o novo filme de One Piece Filme Gold e para satisfação nossa Portugal faz parte dessa lista que foi revelada ontem na apresentação do filme no Japão.

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Como dado curioso, a apresentação mundial de One Piece Film Gold foi em Abu Dhabi no dia 15 de Julho, uma semana antes da sua estreia no Japão (23 de Julho).

One Piece Film Gold estreou em 743 salas japonesas e bateu assim um novo records como o filme que foi estreado em mais salas de cinema no Japão. Para os estrangeiros que ainda não dominam a lingua japonesa o filme também estreou em cinco cidades japonesas com legendagem em inglês e chinês e nos formatos de . 3D, 4DX, e MX4D.

As datas para a estreia em Portugal ainda não estão confirmadas mas assim que soubermos alguma coisa daremos aqui a notícia em primeira mão.

Sumika Sumire

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O que fariam se vos fosse concedido um desejo? Sumi Kisagari tem apenas um, viver a juventude perdida. É assim que começa a aventura de Sumika Sumire, a obra baseada no manga de Mitsuba Takanashi, exibida na Tv Asahi entre Fevereiro e Março deste ano, que conta com a participação do realizador Kazuhisa Imai (responsável pela adaptação de GTO: Great Teacher Onizuka), e do argumentista Kazunao Furuya.

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Sumi Kisagari (Keiko Matsuzaka) é uma mulher de 65 anos que nunca viveu a sua juventude. Quando mais nova a loja de flores da mãe e a tradicionalidade do pai, que acreditava que uma mulher não tinha de estudar, levaram Sumi a desistir da sua vida académica e de qualquer relacionamento. Após a morte da sua mãe, Sumi encontra-se sozinha e cheia de arrependimentos.

Durante um momento de nostalgia Sumi encontra um antigo biombo no qual acaba por se cortar. Nessa noite, uma voz pergunta-lhe qual o seu maior desejo, e a protagonista confessa querer entrar para a universidade e encontrar o amor. A voz pertence a Rei (Mitsuhiro Oikawa), um ser paranormal preso num biombo e libertado pelo sangue da protagonista. Rei transforma Sumi numa jovem de 20 anos e as suas aventuras começam.

O primeiro desafio de Sumi, agora Sumire (interpretada por Mirei Kiritani, que alguns de vocês se devem lembrar da série Hana-Kimi), é o de se enquadrar no mundo dos jovens, uma vez que, a protagonista continua a comportar-se como a mulher de 65 anos que é. O segundo é o de concretizar o sonho de encontrar o amor onde o escolhido de Sumire é Yusei Mashiro (Keita Machida).

Apesar da jovem se adaptar relativamente depressa ao mundo académico, fazendo amigos rapidamente, Sumire tem como o seu maior desafio encontrar o verdadeiro amor especialmente devido ao facto de todos os dias, entre as 23h e a 1h, regressar ao seu corpo de 65 anos.

No final da série os dois conseguem ficar juntos. Yusei aceita Sumi como ela realmente é e o feitiço de Rei é levantado, fazendo com que Sumi desapareça para sempre, dando lugar a Sumire, agora no seu corpo jovem.

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Passando aos elementos mais interessantes em Sumika Sumire existem três que gostaria de referir, nomeadamente: a coexistência entre Sumi e Sumire, a personagem de Rei, e a montagem.

A escolha de Keiko Matsuzaka e Mirei Kiritani para interpretar o papel da protagonista não podia ter sido mais perfeito. As duas possuem algumas semelhanças físicas que ajudam na transição entre Sumi e Sumire. Para além disso, a série mantem sempre Keiko na narração, mesmo quando estejamos a ver Sumire, lembrando-nos constantemente da verdade por trás dela.

Rei (Mitsuhiro Oikawa), o ser paranormal (provavelmente um demónio) que serve Sumi, é uma surpresa positiva na série e um elemento que despertou bastante o meu interesse, especialmente porque não é muito comum a existência do paranormal em romances japoneses. Infelizmente nunca ficamos a saber a razão pela qual o monge o prendeu no biombo, deixando-o um pouco no vazio. Estava o monge preocupado com o que ele e a sua noiva podiam fazer com os seus poderes? Terá Rei mostrado um lado negro que não conhecemos? Nunca saberemos.

E em termos de montagem, ainda que de numa forma geral siga o tipo de montagem habitual em séries de televisão, Sumika Sumire inclui movimentos deveras interessantes como planos subjetivos (do ponto de vista de determinado personagem), e planos inclinados. Um dos melhores exemplos deste último tipo de plano encontra-se na cena em que Sumi termina a relação com Yusei e nos é mostrado um plano inclinado do protagonista, mostrando o seu desequilíbrio emocional.

Contudo, apesar dos oito episódios, sinto que o modo como a narrativa se desenvolve tem alguns problemas.

Por um lado, a história arrasta-se em certos episódios principalmente pela constante transformação de Sumire em Sumi em locais públicos. Este é um truque que funciona nas primeiras vezes mas depressa se torna repetitivo e acaba por consumir tempo de narrativa que poderia ter sido encortado. Sumika Sumire teria funcionado melhor enquanto mini-série.

Por outro lado, tive pena de Yoshie Yoshida ter desaparecido tão rapidamente da história. Durante uma cena anterior vemos como Yoshie ficou destroçada por Sumi não poder ir consigo para a Universidade e, quando se encontra com Sumire, vemos a saudade e dor que sente por ter perdido o contacto com a amiga. Gostava de ter visto um episódio onde Yo-chan e Sumi se encontram, especialmente por tudo o que ficou por dizer entre as amigas.

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Sumika Sumire arrecada da minha parte um 5/10. Apesar disso é uma excelente escolha para os amantes de Romance. O trio amoroso não se arrasta, as situações parecem reais (Yusei não reage de forma exagerada ao saber a verdade sobre Sumi, mostrando uma atitude adulta e realista).

A obra de Mitsuba Takanashi mostra ainda a importância do estudo, e lembra-nos que devemos viver a nossa vida o mais que podermos, para que no futuro não nos arrependamos do Passado.

Escrito por: Ângela Costa (@angelaookami)


Asano Utsushi-e #57

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Esta semana temos novidades sobre Shojo, Oke Rojin e sobre os novos trabalhos de Kento Yamazaki e Keiko Kitagawa.

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~ Filmes ~

Trailer de Shojo:

Esta semana foi lançado o primeiro trailer de Shojo, a obra baseada na novel de Kanae Minato. A história segue Yuki (Tsubasa Honda), uma jovem que quer testemunhar a morte de alguém. Durante as férias de Verão ela voluntaria-se para trabalhar numa pediatria. Shojo é realizado por Yukiko Mishima e estreia a 8 de Outubro deste ano.

Kento Yamazaki será o protagonista de Saiki Kusuo no Sainan:

Foi revelado que Kento Yamazaki (que alguns de vocês deve conhecer como L, da série live-action de Death Note), interpretará Kusuo Saiki, o protagonista de Saiki Kusuo no Sainan. A obra é baseada no manga de Shuichi Aso e segue Kusuo um jovem de 16 anos que nasceu com super-poderes ainda que não os use por medo de represálias. O filme é realizado por Yuichi Fukuda e estreia em 2017.

Teaser de Azumi Haruko wa Yukuefumei:

Já podem também ver o primeiro teaser de Azumi Haruko wa Yukuefumi. O filme é baseado na novel de Mariko Yamauchi, e marca o regresso de Yu Aoi a um papel principal em sete anos. Yu Aoi é Haruko Azumi, uma mulher de 28 anos que um dia desaparece misteriosamente. Agora a cidade está repleta de cartazes com a sua cara e nome. A obra estreia em Dezembro e é realizada por Daigo Matsui.

Oke Rojin primeiro teaser:

Anne Watanabe regressa ao grande ecrã com Oke Rojin, cujo trailer já está disponível. Chizuru (Watanabe) é uma violinista que um dia decide entrar numa orquestra local. No entanto, a orquestra é composta por idosos. Incapaz de lhes dizer que se inscreveu por engano, Chizuru torna-se na maestrina. A obra é baseada no livro de Gen Araki, e é realizada por Toru Hosokawa. Oke Rojin estreia a 11 de Novembro.

~ Séries ~

Keiko Kitagawa em nova série da WOWOW:

Hippocratic no Chikai é o nome da nova série da WOWOW que estreia no dia 2 de Outubro deste ano. Baseada no livro de Shichiri Nakayama, Hippocratic no Chikai segue Makoto Tsugano (Keiko Kitagawa) uma médica que começa a ter aulas de medicina forence. Um dia o seu professor Tojiro Mitsuzaki (Kyohei Shibata) sai da sala e Makoto fica sozinha. É nesse momento que recebe uma chamada de uma rapariga que lhe pergunta “é aí que acontecem as autópsias?”.  Ela quer que Makoto realize a autopsia de uma mulher que morreu num acidente de viação, apesar da polícia ter concluido que tal não seria necessário. No final, Makoto e Tojiro descobrem algo surpreendente.

Dame na Watashi ni Koishite Kudasai

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Se gostam de comédias-românticas, Dame na Watashi ni Koishite Kudasai é uma série a não perder que segue a vida de Michio Shibata (interpretada por Kyoko Fukada), uma mulher de 30 anos que nunca encontrou o amor. Traduzida como “Ama a eu inútil”, a obra é baseada no manga de Aya Nakahara (publicado em 2013 na You) e foca-se nas relações complexas de vários personagens.

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Michio Shibata é uma mulher cheia de dívidas. Para piorar a situação, ela tem um hábito incontrolável de sustentar um jovem que para lhe extorquir 1 milhão de yen (cerca de 9000 euros) chega mesmo a inventar que a sua mãe está hospitalizada.

Desesperada a jovem acaba por encontrar o seu antigo chefe, Ayumu Kurosawa (Dean Fujioka) que se oferece para lhe emprestar algum dinheiro. Ayumu oferece-lhe ainda um part-time no seu restaurante, e deixa-a viver num quarto vago. É durante este período de adaptação que Michio conhece a ex-namorada de Ayumu, Akira Ikushima (Maho Nonami), e a sua cunhada Haruko Kurosawa (Mimura), com as quais trava amizade rapidamente.

Curiosamente, apesar de ficar bastante claro que o casal principal desta série será Michio e Ayumu (não fosse Michio cair à frente de Ayumu quando se encontram pela primeira vez na série, uma estratégia usada normalmente em séries japonesas para revelar um futuro romance), é com o jovem Daichi Mogami (Shohei Himura) que a protagonista se envolve primeiramente, algo também perceptível pelas várias quedas de Michio à frente do personagem. Os dois conhecem-se no emprego da protagonista e apesar de nos ser apresentado como um mulherengo, depressa Daichi mostra o seu verdadeiro amor por Michio.

Muitos desgostos depois e muitas confissões depois, Dame na Watashi ni Koishite Kudasai possui um final feliz onde todos os personagens conseguem encontrar a sua cara metade e, claro, Michio e Ayumu terminam abraçados.

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Como romance a obra está bastante interessante, principalmente por não arrastar a narrativa como frequentemente acontece. O drama entre os pares românticos é retratado de forma madura, sem grandes dramatismos. Dame na Watashi ni Koishite Kudasai inclui igualmente momentos de comédia sem que estes sejam exagerados.

Contudo existem alguns elementos que tornam a narrativa repetitiva quando comparada a outras obras do mesmo género. Ayumu Kurosawa (principal interesse amoroso da protagonista) é o que se pode chamar de “homem perfeito”: boa aparência, fala inglês e chinês, toca piano, é corajoso e bondoso, e cozinha bem. O seu par Michio Shibata, por outro lado, é a típica mulher inocente, pura, a que tudo acontece e que precisa constantemente de ser salva. Ambas as personagens principais não têm nada de novo a oferecer.

A série partilha ainda a ideia de que uma mulher deve casar antes dos 30, preferencialmente, e que depois disso é difícil encontrar um marido. Esta mensagem é repetida inúmeras vezes ao longo da série e tanto Michio como Akira são representadas como “coitadas” que não conseguem casar. Apesar de compreender que se trata de uma série proveniente de um país onde estes valores ainda existem, gostaria de ver mais séries “modernizadas” que deixem para trás valores que começam a não se aplicar à maioria das mulheres.

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Como referido anteriormente, a série da TBS realizada por Hayato Kawai, Ryosuke Fukuda e Sho Tsukikawa, é de facto uma obra divertida e a não perder, especialmente para os amantes do romance. Da minha parte deixo um 5 em 10.

Escrito por: Ângela Costa (@angelaookami)

Ryûzô to 7 nin no kobun tachi

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Quando se fala de filmes sobre Yakuza, Takeshi Kitano é um dos nomes de referência no cinema japonês. Com obras como Sonatine (ソナチネ), Hana-Bi (はなび), Brother ou Outrage アウトレイジ), Takeshi Kitano tem alguns dos seus melhores filmes dentro desta temática. Neste Ryûzô to 7 nin no kobun tachi (龍三と七人の子分たち) que foi lançado em 2015, Kitano volta a inspirar-se no mundo dos Yakuza, embora desta vez a abordagem a este tema seja bastante diferente da utilizada nas obras referidas anteriormente.

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A história do filme anda à volta de Ryuzo (Tatsuya Fuji, cujo papel mais conhecido da sua carreira será provavelmente em Ai no Korīda de Nagisa Ōshima), um Yakuza reformado cuja vida atual é bastante enfadonha. Ryuzo vive em conjunto com o filho e a família deste, que o desprezam devido ao seu passado, passando a maior parte dos dias a vaguear pela cidade, encontrando-se pontualmente com o seu velho companheiro Masa (interpretado por Masaomi Kondō), com o qual recorda saudosamente os tempos onde dominavam as ruas de Tóquio.

Quando um dia Ryuzo é quase apanhado numa burla levada a cabo por uma associação denominada Keihin Rengo (que não se intitulam como Yakuza, mas cuja forma de operar é bastante similar à destes), o reformado yakuza decide voltar a juntar o seu antigo gangue com o objetivo de fazer frente a este novo grupo mafioso que se tem apoderado da zona onde habita. Nostálgicos dos velhos tempos e ainda com coragem e motivação que baste para enfrentar um grupo de rufias mais jovens, este grupo de septuagenários composto por Ryuzo (o Oyabun), Masa (o braço direito do chefe e seu leal companheiro há bastantes anos), Mokichi (o assassino da casa de banho), Mac (que emula Steve McQueen em todos os momentos da sua vida), Hide (que se especializou em usar pregos para matar pessoas), Taka (letal com uma navalha), Ichizo (o homem da bengala-espada) e Yasu (o Kamizake, que na realidade é filho de um) irão tentar subjugar os seus adversários e espalhar o terror novamente pelas ruas de Tóquio.

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O filme tem uma premissa que pode fazer relembrar Shichinin no Samurai (七人の侍) de Akira Kurosawa ou Brother (este também realizado por Kitano), mas a execução é bastante diferente, sendo Ryûzô to 7 nin no kobun tachi uma sátira completa ao mundo dos Yakuza e mafiosos em geral, numa obra que transforma todos os seus personagens em caricaturas de si próprios, não tendo receio de os ridicularizar o máximo possível. Afastando-se da seriedade e comédia negra vista em filmes como Brother ou Sonatine, Kitano tem nesta obra uma abordagem à temática dos Yakuza feita de uma maneira mais relaxada, procurando fazer humor com os lugares comuns normalmente vistos nas obras sobre a máfia Japonesa.

No filme, este velho grupo de Yakuzas reformados continuam a viver num mundo completamente desfasado da realidade, recusando-se a admitir que a sociedade atual japonesa não nutre qualquer respeito por eles, causando mais embaraço aos que lhes são mais próximos do que propriamente receio do que as suas ações possam causar. Do outro lado da barricada temos um grupo mafioso sem qualquer código de honra e cuja forma de atuar assenta em atitudes covardes, baseando-se a maior parte da sua atividade na burla a idosos ou outros elementos sem grandes meios económicos da sociedade japonesa, sendo facilmente intimidados por um grupo de “velhotes” que nem sabe bem o que anda a fazer.

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Ryûzô to 7 nin no kobun tachi está longe de ser uma das melhores obras de Takeshi Kitano, mas mesmo assim é um filme que entretém durante as quase duas horas do mesmo. Quem espera uma obra com forte componente emocional poderá sair desiludido após a visualização do mesmo. Este filme de Takeshi Kitano é mais um acumular de sketches cómicos sobre a máfia japonesa (com um ênfase um pouco exagerado em piadas sobre flatulência) do que propriamente um estudo tocante sobre as consequências de uma vida de crime.

Ryûzô to 7 nin no kobun tachi é quase uma sátira em si à carreira do realizador, que ao longo dos anos tem intercalado entre filmes dramáticos sobre a máfia japonesa e a condição humana e obras de comédia absurda sem grande estrutura narrativa.

Escrito por: Nuno Rocha

5 filmes japoneses no MOTELx 2016

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Está praticamente a chegar a mais uma edição do MOTELx que este ano comemora a bonita idade de 10 anos de existência. O Festival Internacional de Terror de Lisboa irá realizar-se entre os dias 6 e 11 de Setembro e promete ser uma edição inesquecível.

Como prova disso este ano vamos ter 5 filmes japoneses que valem mesmo a pena ver. Fica a lista com os filmes que vão ser apresentados bem como o dia e local onde poderão vê-los:

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The Inerasable
残穢-住んではいけない部屋- (Zang-e Sunde Wa Ikenai Heya)
um filme de Yoshihiro Nakamura
Quarta-feira, 7 de Setembro (14h00)
Cinema São Jorge
Sala Manoel de Oliveira

Assassination Classroom: Graduation
暗殺教室~卒業編~ (Ansatsu Kyoshitsu -Sotsugyou Hen-)
um filme de Eiichiro Hasumi
Sexta-feira, 9 de Setembro (19h00)
Teatro Tivoli BBVA

Creepy
クリーピー 偽りの隣人 (Kuripi: Itsuwari no Rinjin)
um filme de Kiyoshi Kurosawa
Sexta-feira, 9 de Setembro (00h00)
Teatro Tivoli BBVA

Hime-Anole
ヒメアノ~ル
um filme de Keisuke Yoshida
Terça-feira, 6 de Setembro (22h00)
Cinema São Jorge
Sala 3
Sábado, 10 de Setembro (00h00)
Teatro Tivoli BBVA

Sadako vs Kayako
貞子 vs. 伽椰子
um filme de Koji Shiraishi
Sábado, 10 de Setembro (00h15)
Cinema São Jorge
Sala Manoel de Oliveira
Domingo, 11 Setembro (15h00)
Teatro Tivoli BBVA

Todos os filmes serão falados em japonês e legendados em português.

Contamos em breve colocar as reviews a todos estes filmes que estrearão em Portugal

Kaito Yamaneko

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Se os nomes Samurai High School (2009), Death Note (2015), Crow Zero (2007), e Crow Zero II (2009) vos são familiares, é porque já tiveram a oportunidade de ver algumas das melhores séries e filmes japoneses. E este ano Ryuichi Inomata (realizador) e Shogo Muto (argumentista), os homens que já nos habituaram a obras cativantes e repletas de acção, comédia e drama, regressam com Kaito Yamaneko.

Transmitido na NTV em Janeiro, O Misterioso Ladrão Yamaneko segue Yamaneko (Kazuya Kamenashi), um homem que dedica o seu tempo a desmascarar empresas e indivíduos corruptos. No entanto, as suas acções escondem um passado misterioso.

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Kaito Yamaneko chama imediatamente a atenção pela cena de acção que abre a série. Kazuya Kamenashi, o protagonista, é nos apresentado através de um flashback no qual o vemos ser espancado e levado até ao local onde será executado. Durante a viagem ele consegue soltar-se e fugir, regressando ao Japão e a Shugo Sekimoto (Kuranosuke Sasaki), o polícia com o qual juntou forças para derrotar, Yuki Tenmei.

Contudo, o soldado dentro dele, guiado pelos ensinamentos do Bushido, é apenas uma das suas facetas. O mundo conhece-o por Yamaneko, um “ladrão” que investiga e expõe empresas corruptas, como o caso da Shining Peace. Este seu lado é mais relaxado e divertido. Uma máscara que esconde a sede de vingança que realmente o motiva.

Ao lado de Yamaneko lutam Rikako Hosho (Nene Otsuka), Mao Takasugi (Suzu Hirose), Hideo Katsumura (Hiroki Narimiya), Shugo Sekimoto, entre outros personagens que aparecem esporadicamente. E do outro lado da moeda encontra-se a polícia, cujos personagens mais importante são Sakura Kirishima (Nanao) e Inui.

Todas estas personagens possuem personalidades únicas, permanecem fiéis aos seus princípios e ideologias (Hideo continua como assassino, por exemplo), e escondem ainda um mistério que permite à narrativa renovar-se e manter-se interessante. Ao interligar personagens Kaito Yamaneko transmite a sensação de ter uma narrativa contínua, apesar de ser essencialmente episódica.

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Outros elementos que enriquece a narrativa e que torna Kaito Yamaneko numa das séries mais interessantes deste ano incluem ainda Easter Eggs e a quebra da 4th Wall (termo utilizado para descrever uma situação em que o personagem interage com o espectador).

Entre os Easter Eggs estão referências a mangakas, músicos, escritores, e a franchises como Star Wars, Mickey Mouse, V for Vendetta, e Mission Impossible. E se forem consumidores de séries ou fãs de Kazuya Kamenashi, existe ainda um pequeno momento com a atriz Maki Horikita bastante curioso, que implica que Yamaneko faz parte de um universo paralelo e que sabe ser um ator em outro universo.

A cena começa quando Yamaneko passa por Maki e a cumprimenta usando um gesto que os seus personagens executam na série Nobuta wo Produce (2005). A rapariga retorna o gesto mas está visivelmente confusa, comentando que o gesto lhe parece familiar mas não sabe porquê. Momentos depois Hideo pergunta a Yamaneko se conhece a jovem, e o protagonista responde tratar-se de uma história antiga.

O mesmo personagem tem ainda algumas situações em que quebra a 4th Wall, sublinhando o facto de saber tratar-se de um personagem. Exemplos deste comportamento podem ver-se no episódio em que Yamaneko, proibido de falar, usa cartazes para comunicar com Hideo. Os dois discutem ferozmente até que Shugo pergunta se podem discutir os acontecimentos recentes e Yamaneko vira para a câmara um cartaz onde se pode ler “SIM!”, sem nunca o mostrar quer a Hideo quer a Shugo, os destinatários óbvios da mensagem. Um outro momento de quebra da 4th Wall acontece quando Rikako pergunta a Yamaneko como sabia que os membros do Ouroboros estariam no hospital e o protagonista responde olhando a câmara: “isso fica para a próxima semana!”.

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Passando à Montagem e Fotografia de Kaito Yamaneko, ambas estão bastante trabalhadas, tentando passar mensagens e sensações que apoiam a narrativa.

Na Montagem vale a pena mencionar o uso de “efeitos vertigo” em momentos de tensão, e a utilização de imagens de manga para ilustrar flashbacks. Por exemplo, Shugo usa imagens de manga para explicar ao grupo como conseguiu afastar os polícias de Yamaneko, dando-lhe tempo de assaltar o cofre da Shining Peace.

Quanto à Fotografia a cena que me marcou acontece quando Mao e Yamaneko estão em casa da jovem. Mao descobre que a mãe fora assassinada pelo pai, e este está agora na prisão. Perante tudo isto a jovem pensa suicidar-se quando Yamaneko chega. Os dois discutem, e no final Mao consegue perdoar-se e vislumbrar alguma esperança no seu futuro. Aqui a fotografia reflete o estado emocional da personagem, começando em tons escuros e terminando com luz branca que simboliza o seu renascer.

Mas como em tudo na vida, Kaito Yamaneko não está livre de crítica e existem na série dois elementos que gostaria de referir. O primeiro é a utilização de esqueletos visivelmente falsos e irrealistas para “protagonizarem” cenas intensas e dramáticas, acabando por destruir a imersão narrativa. O segundo é o facto do protagonista, Yamaneko, passar a série a urinar nas calças, como tentativa de tornar partes dramáticas em momentos cómicos. A repetição desta “técnica” de comédia torna-se exaustiva e um pouco ridícula.

Kaito Yamaneko, onde ironicamente Kazuya Kamenashi interpreta um personagem incapaz de cantar, é uma série a ver por fãs do artista mas também pelos amantes de polícias, romances, dramas e comédias. Da minha parte a série, onde nem tudo é o que parece, conquista um sólido 9/10.

Escrito por: Ângela Costa

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